GÊNESIS 38 – TAMAR
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Por: Helio Clemente
Gênesis 38,6: “Judá, pois, tomou esposa para Er, o seu primogênito; o nome dela era Tamar”.
Esta narrativa em Gênesis interrompe a história de José e mostra a saga da viúva Tamar, nora de Judá, que luta para ter reconhecido o seu direito de ter filhos e participar da herança da família. Neste capítulo também se faz notar a preeminência de Perez, ascendente de Jesus na linhagem de Davi. No capítulo seguinte a história de José prossegue normalmente.
Gênesis 38,28-29: “Ao nascerem, um pôs a mão fora, e a parteira, tomando-a, lhe atou um fio encarnado e disse: Este saiu primeiro. Mas, recolhendo ele a mão, saiu o outro; e ela disse: Como rompeste saída? E lhe chamaram Perez”.
Rute 4,18-22: “São estas, pois, as gerações de Perez: Perez gerou a Esrom, Esrom gerou a Rão, Rão gerou a Aminadabe, Aminadabe gerou a Naassom, Naassom gerou a Salmom, Salmom gerou a Boaz, Boaz gerou a Obede, Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi”.
Os nomes de Tamar e Perez também aparecem na genealogia de Jesus conforme Mateus.
Mateus 1,3: “Judá gerou de Tamar a Perez e a Zera; Perez gerou a Esrom; Esrom, a Arão”.
No tempo dos patriarcas a lei ainda não havia sida dada, eles se regiam pelo Código de Hamurabi, rei de Ur, cidade natal de Abraão. Se um homem casado morresse antes da mulher, a lei do levirato estabelecia que o seu irmão (ou parente mais próximo) casaria com a viúva e suscitaria sua descendência desta forma.
O primeiro filho da viúva era considerado herdeiro legal do falecido. Este costume foi absorvido pela lei mosaica e estabelecido em Israel posteriormente.
Deuteronômio 25,5-6: “Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem filhos, então, a mulher do que morreu não se casará com outro estranho, fora da família; seu cunhado a tomará, e a receberá por mulher, e exercerá para com ela a obrigação de cunhado. O primogênito que ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido, para que o nome deste não se apague em Israel”.
O marido de Tamar morreu, foi perverso perante o SENHOR e o SENHOR o fez morrer.
Gênesis 38,7: “Er, porém, o primogênito de Judá, era perverso perante o SENHOR, pelo que o SENHOR o fez morrer”.
Note neste verso o nome SENHOR em letra maiúscula, este é o Cristo; vemos aqui e em muitas outras passagens, como na destruição dos primogênitos do Egito, do exército de Senaqueribe e outras, que o SENHOR age ativamente no bem e no mal, não existe outro poder paralelo no universo para criar o que quer que seja.
Observe no verso abaixo, em Isaías, novamente o nome SENHOR em maiúsculas: Este é YAHWEH, o Cristo, que se manifesta já no Velho Testamento como o Rei e Senhor do universo.
Isaías 45,7: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas”.
Judá, então, ordenou a Onan, seu segundo filho, que cumprisse a lei do levirato suscitando filhos à Tamar, mas ele também era mau e “deixava o sêmen cair na terra”, ou seja, interrompia a relação para evitar a gravidez. Isto era mau perante o Senhor, pelo que Ele também o fez morrer.
Gênesis 38,9-10: “Sabia, porém, Onã que o filho não seria tido por seu; e todas as vezes que possuía a mulher de seu irmão deixava o sêmen cair na terra, para não dar descendência a seu irmão. Isso, porém, que fazia, era mau perante o SENHOR, pelo que também a este fez morrer”.
Mas Tamar não desiste, e vendo que o terceiro filho não lhe seria dado em casamento usa de um estratagema, e, disfarçando-se de prostituta entrega-se a Judá e desta forma consegue engravidar. Judá, desconhecendo a situação, em sua condição de chefe de família sentencia a nora à morte, sem dar oportunidade de defesa e sem o curso de um processo legal, como deveria ter sido feito.
Gênesis 38,24: “Passados quase três meses, foi dito a Judá: Tamar, tua nora, adulterou, pois está grávida. Então, disse Judá: Tirai-a fora para que seja queimada”.
Tamar, porém, não aceita a imposição e revela a Judá sua paternidade através do anel e do cajado que havia tomado como penhor. Judá, então, constrangido pela situação reconhece sua injustiça em não dar a Tamar o seu terceiro filho Selá conforme prometera e a recebe em sua casa sem jamais a possuir novamente.
Perez, na língua hebraica significa brecha, este capítulo mostra como a coragem e a decisão de Tamar assegurou a ascendência de Jesus através da linhagem davídica.
Muitas vezes os heróis (e heroínas) da fé usam de artifícios considerados impróprios a nosso ver, mas Deus coloca as coisas desta forma para mostrar que nenhum homem é dono de sua própria salvação e que ninguém será salvo pelas obras da lei.
O privilégio ser ascendente de Nosso Senhor não foi dado a pessoas que fizeram por merecer, mas simplesmente a pessoas que foram escolhidas por Deus, esta é uma consequência direta do decreto da predestinação, para que meditemos neste fato e tenhamos consciência que somente a justiça de Cristo pode salvar, nada mais poderá ser acrescentado.
Romanos 3,28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”.
Sem esquecer, jamais, que a fé é um dom de Deus e não pode ser considerada como capacidade de obediência evangélica, pois desta forma, ela é transformada novamente em obras.
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo XI, Seção I – Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração à obra de Cristo; não lhes imputando como justiça a própria fé, o ato de crer ou qualquer outro ato de obediência evangélica, mas imputando-lhes (somente) a obediência e a satisfação de Cristo…
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